10 de mar. de 2015

A História do Pré Brasileirão – Parte I - A Taça Brasil que durou 14 meses

A partir de hoje, no blog Plantão do Futebol, a cada terça-feria haverá um texto que contará um pouco da história da Taça Brasil e do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, a era "Pré Brasileirão". Com curiosidades e fatos inusitados a série contará com seis textos que relembrarão a história do futebol brasileiro do fim dos anos 50 até o início dos anos 70. Vamos ao primeiro deles!

Torneios que tinham início em um ano e seu final em outro, era uma prática comum no futebol brasileiro desde seu princípio até o início dos anos 80. No entanto, a Taça Brasil de 1968 foi além do que qualquer torcedor pudesse imaginar. A disputa iniciada em 4 de agosto de 1968 foi até 4 de outubro de 1969. E acredite, poderia ter durado ainda mais. Mais uma prova de que não é de hoje que a organização do futebol brasileiro está muito distante de ser a ideal.


Tudo começou após o confronto único de oitavas de final da competição entre Botafogo e Metropol-SC, que já no ano de 1969 fecharia seu departamento de futebol profissional, precisar de uma partida de desempate, após o alvinegro carioca aplicar uma goleada de 6x1 nos catarinenses, no Maracanã, mas ser derrotado por 1x0 pelo Metropol, no jogo de volta, no Heriberto Hulse.
Esse jogo de desempate deveria acontecer já no ano de 1969, porém, em meados de janeiro. Isto, até a diretoria do Metropol solicitar o adiamento da partida, já que segundo o clube, o número de desfalques seria grande e não haveria condições da equipe atuar. O pedido não foi atendido, e com isso o time sulista entregou os pontos da partida. Com tal acontecimento, o Botafogo deveria se classificar automaticamente, mas não foi o que aconteceu.
O Metropol voltou atrás em sua decisão, e incrivelmente, teve seu pedido de retorno ao campeonato acatado.  O que pareceu uma desistência clara, acabou soando com uma estratégia, já que com tamanho imbróglio a partida de desempate entre catarinenses e cariocas foi acontecer somente em abril.
No fim das contas, as equipes empataram no Maracanã em 1x1, e o Botafogo se classificou, já que tinha a vantagem do empate por entrar direto na fase final da competição, graças ao título de campeão carioca de 1968.
A competição seguiria normalmente, com as quartas de final, que contaria além do alvinegro carioca, também com a presença de Cruzeiro, Fortaleza e Palmeiras, mais Santos e Náutico, que entrariam já nas semifinais.  Seguiria.
A Taça Brasil definia o representante brasileiro na Copa Libertadores, no entanto, com o atraso da competição, não houve a possibilidade dessa indicação, tanto que a Taça Libertadores de 1969 não contou com equipes brasileiras, assim como em 1970. Com isso, Palmeiras e Santos, não se interessaram mais pela competição, e abandonaram o torneio. Um abandono real, que prevaleceu até o fim da disputa.

O campeonato que contaria com quartas de final, foi direto para as semifinais com o número menor de participantes. Fato que acabou tendo como único ponto positivo, um final antecipado da interminável Taça Brasil de 1969, onde o Botafogo que eliminou o Cruzeiro nas semifinais, superou o Fortaleza, que havia eliminado o Náutico na mesma fase, na grande decisão, assim se tornando o campeão da Taça Brasil de 14 meses.

João Pedro Almeida / @joaopedroal_